O caos que se instalou sobre a Região Metropolitana do Recife (RMR) ontem tende a se repetir hoje e poderá ser ainda pior, segundo alerta divulgado no início da noite de ontem pela Prefeitura do Recife. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) foi taxativo: as chuvas serão intensas até o meio-dia e se combinarão a uma maré alta, em torno de 2,5 metros, prevista para às 5h20. Das 9h de segunda-feira às 9h de ontem, choveu 92,2 mm na RMR. A média mensal esperada, que era de 325,7 mm, já foi ultrapassada. A expectativa é que as cenas encontradas de ponta a ponta do Grande Recife ontem, com uma cidade completamente travada, repitam-se.
Problemas gerados pelo acúmulo na frota dos carros.
Pelo crescimento desordenado da cidade. Por uma sequência de problemas que culminam em uma cidade intransitável. Por mês, uma média de sete mil novos carros é inserida no trânsito da RMR. Somente entre abril de 2010 e 2011, mais de 42 mil veículos entraram em circulação. Com tantos carros nas ruas, os alagamentos já deixam o trânsito parado. Sem contar com as quedas de árvores. Ontem, árvores fecharam o tráfego na Rua do Futuro, na Jaqueira, e na Conselheiro Aguiar, em Boa Viagem, por exemplo.
O cenário que se viu ao longo da manhã foi de completa estagnação no trânsito nos principais corredores da cidade, de Norte a Sul. Motoristas preferiram esperar o congestionamento passar do lado de fora do carro. Os boatos de arrastões no Cabanga e na Joana Bezerra só aumentavam a angústia de quem permanecia em meio ao caos. A Secretaria de Defesa Social negou as ocorrências. Dos ônibus, muitos saíam e preferiam seguir a pé.
As pessoas lamentavam os compromissos perdidos. A estudante Pollyanna Viana, 22, precisou mudar de planos. “Saí de casa às 7h30 para a aula, na Madalena. Um percurso que faço em meia hora, mas que levei quatro horas. Por isso, acabei perdendo a aula e vou direto para o trabalho”, disse.
Para o engenheiro e chefe do departamento de arquitetura e urbanismo da UFPE, César Cavalcanti, o que explica os grandes congestionamentos em dias de chuva, além da topografia da cidade, dos canais transbordando, é o excessivo acúmulo de carros. “Estamos tão próximos do nosso limite que qualquer fenômeno da natureza é capaz de provocar tamanha anomalidade no nosso trânsito”, afirmou. E se voltar a chover forte como está previsto, de acordo com o diretor de trânsito da CTTU, Agostinho Maia, a tendência é que a situação se repita. “Caso as chuvas coincidam com o período de maré alta, pode voltar a alagar. Fica difícil arrumar alternativas. Há o incremento da frota, que é muito superior à capacidade dos municípios”, disse.
(Ana Paula Neiva, Alice de Souza e Daniel Leal)
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