JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
FERNANDA ODILLA
MATHEUS LEITÃO
O período em que a empresa de consultoria Projeto ganhou mais dinheiro, cerca de R$ 10 milhões, foi quando o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) tinha poder para acessar dados reservados e planos de investimentos do governo federal.
Metade dos R$ 20 milhões de faturamento da empresa em 2010, revelado pela Folha, se deve ao período entre novembro e dezembro.
Nesses meses, Palocci acumulou a atividade empresarial com a coordenação da equipe de transição da presidente Dilma Rousseff.
Um coordenador da transição pode solicitar qualquer documento do governo.
Além disso, já no início de novembro, Palocci teve acesso a informações sobre contratos a cumprir, lista de projetos e programas pendentes do governo Lula.
MORADIA DE R$ 4 MI
Duas leis obrigam os titulares dos órgãos a fornecer as informações solicitadas pelo coordenador da equipe de transição. Basta um ofício.
Ontem, a revista "Veja" revelou que o apartamento em que o ministro vive em São Paulo, que é alugado, tem valor de mercado estimado em R$ 4 milhões. Com quatro suítes e três salas, o imóvel teria 640 m2 e condomínio de R$ 4.600 mensais.
Segundo administradoras de imóveis ouvidas pela revista, o valor médio de locação no prédio é de R$ 15 mil. Com o condomínio e impostos, as despesas do ministro chegam a 83% de seu salário.
OUTRO LADO
O advogado José Roberto Batochio, que defende Palocci, disse não haver problema em seu cliente ter feito parte da equipe de transição e, ao mesmo tempo, ser sócio da Projeto. Segundo Batochio, não há impedimento legal.
Ele disse que, quando Palocci foi para a campanha, alterou o contrato social da empresa, da qual ficou só como sócio. O ministro avaliou que permanecer na administração da firma poderia gerar questionamentos, afirmou.
Sobre o aluguel do apartamento, a Casa Civil informou que o ministro não comentará o assunto e que já havia dito que ele vivia em um imóvel alugado em São Paulo.
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