A transformação do ministério num feudo do partido de Agnelo Queiroz, Orlando Silva e Aldo Rebelo impediu que o Brasil começasse, enfim, a se tornar uma verdadeira potência esportiva, como é sua vocação.
Há pouco mais de uma década, o deputado Aldo Rebelo presidia a CPI que investigava a CBF, a delegação brasileira voltava dos Jogos de Sydney em 52º lugar no quadro de medalhas e o esporte recebia uma fatia de 184 milhões de reais no Orçamento da União - as verbas liberadas somavam só 0,017% do total de despesas previstas pelo governo em 2000. Nesta semana, Aldo Rebelo tornou-se ministro do Esporte. Foi parabenizado por Ricardo Teixeira, de quem já não é mais desafeto. Enquanto isso, em Guadalajara, no México, os atletas brasileiros disputavam os Jogos Pan-Americanos em busca de marcas que sinalizassem uma participação mais respeitável na Olimpíada de Londres, no ano que vem. Boa parte da delegação é beneficiária de algum programa de apoio bancado pelo ministério, que deixou para trás os tempos de dinheiro curto e iniciativas modestas. O Orçamento de 2010 reservou ao esporte nada menos que 2,3 bilhões de reais, dos quais 778 milhões foram efetivamente gastos. É quatro vezes o montante pago dez anos antes. Na soma de todos os recursos federais para o esporte em 2010, chega-se a uma despesa total de 1,72 bilhão de reais.
À primeira vista, pode parecer uma evolução elogiável. A descrição das atividades dessa versão anabolizada do Ministério do Esporte inclui desde programas de incentivo ao atleta de alto rendimento - aquele que participa das grandes competições e traz medalhas ao Brasil - até projetos que pretendem formar novos campeões (ou, no mínimo, aproveitar os benefícios sociais das atividades esportivas para ajudar a educar as crianças). Um exame mais atento nos números do governo, porém, mostra que a enxurrada de recursos na área não significa que o Brasil finalmente adotou uma política de desenvolvimento esportivo consistente e bem planejada. Controlado pelo PC do B desde o início da gestão petista no Planalto, em 2003, o setor engordou suas contas e ampliou suas fontes de recursos. Mas a transformação da pasta num feudo do partido de Agnelo Queiroz, Orlando Silva e Aldo Rebelo impediu que o Brasil começasse, enfim, a se tornar uma verdadeira nação esportiva. Como é de costume num governo em que a filiação partidária vale mais que o conhecimento técnico e a capacidade administrativa, o esporte foi convertido num campo fértil de negociação política, com modalidades diversas de corrupção e troca de favores.
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