Durou pouco o crédito da presidente Dilma Rousseff (PT) com oposicionistas que se impressionaram e apoiaram a sua firmeza no combate à corrupção. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que havia externado publicamente o apoio à “faxina” no início do mês, desencantou-se. Ontem, em discurso no Senado, não escondeu a decepção e não economizou críticas ao recuo da presidente. Para ele, Dilma capitulou e submeteu-se à chantagem de sua base aliada. “Sua famosa faxina limitou-se a jogar a sujeira para debaixo do tapete”, disse.
Após a demissão de três ministros envolvidos em denúncias de corrupção, a presidente afirmou, na semana passada, que não iria fazer do combate a malfeitos uma meta de governo. A declaração, entendida como um recuo, decorreu, na opinião do senador, das dificuldades que ela enfrentou na relação com a base de apoio. “A presidente realmente acreditava que poderia combater a corrupção sem desagradar os seus beneficiários? Foi inocente a ponto de não prever essa forte reação da chamada base? Concluo, com pesar que, infelizmente, tudo não passava de um jogo de cena”.
O senador destacou que foi justamente para evitar esse desfecho que um grupo se reuniu em torno da Frente Parlamentar Contra a Corrupção e Pela Governabilidade, organizada pelos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Pedro Simon (PMDB-RS). “Decidimos apoiar a faxina para evitar que a presidente retrocedesse. Lamentavelmente foi o que aconteceu”, observou.
Ainda no dia 17, em entrevista a uma rádio de São Paulo, o peemedebista, um das vozes mais críticas ao fisiologismo que via no governo do ex-presidente Lula, reconheceu que Dilma o impressionou pela segurança que, ele achava, seria pontual. Disse, inclusive, ver nela sinceridade, honestidade e disposição para enfrentar “corruptos que estão incrustados dentro do governo. Ontem, o senador disse acreditar que Dilma reviu sua decisão por ter estabelecido um paralelo constrangedor entre o seu governo e o do ex-presidente Lula, “seu criador e tutor”. “A presidente passou a combater o que era a marca de seu antecessor, que liderou – sob a justificativa da governabilidade – um verdadeiro assalto aos cofres públicos”.
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