terça-feira, 2 de agosto de 2011

Presidente encerra a era do "eu não sabia" - Diário PE

A presidente Dilma Rousseff encerrou ontem, durante a tradicional reunião da coordenação política de governo às segundas-feiras, a era do “eu não sabia”, propagada durante a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Após mais um fim de semana de acusações e desmentidos públicos em seu Ministério — o episódio mais recente foram as acusações do ex-diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Oscar Jucá Neto, que apontou a existência de uma quadrilha na autarquia —, Dilma determinou que todas as ações tomadas por subordinados, incluindo pagamentos e celebração de convênios, deverão ser obrigatoriamente informados para os titulares das respectivas pastas. E, nessa cadeia de comando, os ministros terão que prestar contas sobre quaisquer irregularidades praticadas.

A presidente já havia ensaiado essa determinação no episódio envolvendo o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento. Mas não tinha sido tão incisiva. Ela obrigara o então titular da pasta a colocar-se à disposição do Congresso para prestar todos os esclarecimentos necessários — estratégia que havia sido rejeitada pelo próprio Planalto na crise anterior, que culminou com a saída de Antonio Palocci da Casa Civil. Agora, os ministros não poderão escorar-se na justificativa do desconhecimento para esquivar-se de responsabilidade, como fez Carlos Lupi (Trabalho) na última sexta-feira, em entrevista ao Correio Braziliense/Diario, instado a explicar por que seu ministério havia firmado convênios para repassar recursos a entidades fantasmas. “Você acha que eu acompanho tudo isso? Eu não tenho como acompanhar. Eu sou obrigado a conhecer todo mundo?”, questionou ele na ocasião. 


Para Dilma, esse tipo de declaração não será mais tolerada. Há poucos dias, segundo uma fonte palaciana, ela convocou um ministro para sua sala, dizendo que havia um zum-zum-zum em sua pasta. “Vai lá, antecipe-se, apure o que está acontecendo porque, depois, não vou aceitar o ‘eu não sabia’”, disse a presidente. 

Na reunião de ontem, no Palácio do Planalto, que contou com a presença dos líderes do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP); do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR); e do Congresso, Mendes Ribeiro (PMDB-RS), Dilma baixou a norma, citando especificamente o episódio envolvendo a demissão de Jucá Neto da Conab — ele é irmão do senador roraimense. Após a exoneração, Jucá Neto revelou, em entrevista, que existe um “conluio entre PTB e PMDB” na Conab e declarou que “lá só tem bandido”. O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, convocou entrevista coletiva ontem para rebater as denúncias feitas pelo ex-subordinado. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário