sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

E se a reforma ministerial de Dilma piorar o que já é ruim? - Veja.com


Já abordei aqui o que chamei de “Paradoxo Dimenstein”, que marca o governo Dilma, em homenagem àquele que chegou mais longe na tese. E ele consiste no seguinte: quanto mais a presidente demite, mais seu governo se mostraria virtuoso. Já caíram seis ministros acusados, sejamos genéricos, de malversação de recursos públicos. Em alguns casos, é a tal corrupção mesmo. E há certa exclamação: “Oh, que mulher decidida!” Claro, claro… Houvesse Dilma escolhido uma constelação de probos, talvez tivéssemos mais tempo, e clareza, para perceber que seu governo é fraco! Votemos… Quem nomeou? Foi você, leitor amigo? Fui eu? É muito provável que nem você nem eu tenhamos votado nela, certo? Nomear, então, nem pensar! Todos os que estiveram na Esplanada e estão ainda são de inteira responsabilidade da Soberana. Criou-se o mito de que os que tombaram foram impostos a Dilma por Lula, a suposta pior parte… Será mesmo?
Vejam aí o caso Fernando Pimentel. Há uma  de comoção no petismo nem tanto porque ele seja, assim, uma figura de grandíssima expressão no partido. Trata-se apenas de uma estrela de médio porte. Mas está num cargo importante; é, afinal de contas, “um deles” e, acima de tudo, atenção!, é “um dos dela”.Talvez seja, de todos os ministros, o mais próximo da presidente. Eles se conhecem desde os tempos da militância clandestina.
Vejam aí o caso Fernando Pimentel. Há uma  de comoção no petismo nem tanto porque ele seja, assim, uma figura de grandíssima expressão no partido. Trata-se apenas de uma estrela de médio porte. Mas está num cargo importante; é, afinal de contas, “um deles” e, acima de tudo, atenção!, é “um dos dela”.Talvez seja, de todos os ministros, o mais próximo da presidente. Eles se conhecem desde os tempos da militância clandestina.
Pimentel foi uma espécie de aluno de Dilma, com quem aprendeu os primeiros, e creio que não mais do que isto, rudimentos de marxismo. Os dois pertenciam, em Belo Horizonte, a um grupo terrorista chamado Colina (Comando de Libertação Nacional). Mais tarde, reencontraram-se no Rio. O Colina se fundiu com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), de Carlos Lamarca, e teve origem a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Quanta vanguarda para tanto retrocesso sem retaguarda, né? O marido de Dilma, que era chefão, deslocou Pimentel para o Rio Grande do Sul. O grupo rachou de novo, Lamarca refundou a VPR, e Pimentel preferiu segui-lo.
Dilma pertencia à área de organização da VAR-Palmares; não consta que tenha participado pessoalmente de alguma ação armada. Com Pimentel, é diferente. Em todo o ministério, o único que, comprovadamente, pegou no berro foi ele. Em março de 70, foi o protagonista de um assalto ao carro do Banco Brasul, em Canoas. No dia 4 de abril, participou da tentativa de seqüestro do então cônsul americano em Porto Alegre, Curtis Carly Cutter. Deu tudo errado. Cutter se safou com sua caminhonete, embora tenha levado um tiro no ombro. Passou com o carro sobre o pé de Pimentel. Quando vai chover, o agora ministro ainda sente uma dorzinha — só no pé, não na consciência. Pimentel pode não ser uma reserva técnica do governo, pode não ser uma reserva moral, mas é uma reserva sentimental… E a companheira de armas, desta vez, está decidida a resistir.
Leia mais

Nenhum comentário:

Postar um comentário