O carro do taxista Erivaldo Lisboa Ferreira, 53 anos, sempre estava repleto de crianças. A tarefa de Erivaldo era transportá-las entre o percurso de casa para a escola e vice-versa. Considerado pessoa de confiança pelos pais dos meninos e meninas, o taxista foi preso ontem por uma equipe da Delegacia de Casa Amarela. Ele é acusado de estuprar, por pelo menos três anos, uma das passageiras dele: uma jovem de 22 anos portadora de síndrome de Down.
As investigações se estenderam por três meses. As acusações partiram da própria vítima, que disse estar apaixonada pelo taxista. A menina contou à polícia, em detalhes, como era o relacionamento dela com Erivaldo. “Ela falou que o taxista ensinou a beijar e também pegava nos seios dela. Contou até que iam juntos para o motel”, disse o delegado. Um exame realizado no Instituto de Medicina Legal (IML) revelou que a jovem, cujo nome será mantido em sigilo, foi estuprada.
O caso só veio à tona em junho, depois de um desentendimento entre Erivaldo e a ex-mulher, que são vizinhos da vítima. “A menina presenciou uma briga do casal e, preocupada, disse que não queria que fizessem nada de mal com o namorado dela”, informou o delegado Gilmar Rodrigues.
A mãe da vítima levou o caso à polícia, que começou a apurar a denúncia. “Ouvimos testemunhas que comprovam o crime, inclusive os funcionários de um motel, que confirmaram ter visto ele entrar no estabelecimento”, disse Gilmar. No carro do taxista, foram encontrados dez comprimidos que seriam estimulantes sexuais.
O que mais chamou a atenção da polícia foram as ameaças que teriam sido feitas contra a jovem. “A menina contou que ele tinha uma arma e disse que mataria a mãe dela, caso a situação fosse contada a alguém”, detalhou o delegado.
O acusado nega a prática de estupro e alega que a mãe da jovem é dependente de drogas. Disse, ainda, que tem um filho com sete anos e não tem antecendentes criminais. Antes de ser taxista, atividade que exerce há três anos, trabalhava como caminhoneiro. No final da tarde de ontem, três advogados chegaram à delegacia para ouvir o acusado e oferecer defesa.
Erivaldo foi capturado graças à decretação, pela Justiça, de um mandado de prisão temporária, com validade de 30 dias. Até lá, o delegado espera concluir o inquérito e indiciar o acusado por estupro de incapaz, crime hediondo ao qual não cabe fiança e pode render condenação de até seis anos de prisão. O preso foi encaminhado ontem mesmo ao Cotel, em Abreu e Lima.
Como Acontecia
Erivaldo Lisboa Ferreira, 53 anos, costumava buscar a jovem na escola onde ela estudava, no Arruda, a pedido da mãe dela. Eles faziam o percurso para casa sozinhos
Erivaldo estaria se aproveitando desses momentos para praticar o estupro. Ele a teria levado a dois motéis e ameaçado matar a mãe da vítima se ela revelasse o crime
Ontem, a polícia prendeu o taxista onde ele costumava fazer ponto, na Tamarineira. A pedido da polícia, a Justiça concedeu prisão temporária, com validade de trinta dias
Matéria na íntegra, na edição de hoje do DP